ILÊ BABÁ ONILÁ

História - Fundação e História Ancestral

 

     Este terreiro de culto a Egun, tem uma história muito peculiar, já que o seu fundador o senhor Laelso Vitoriano dos Santos, vem de uma linhagem familiar de culto ancestral a

Egungun desde o continente africano na Nigéria, até se estabelecerem na Ilha de Itaparica no estado da Bahia, território primeiro onde este culto até os dias atuais se mantém vivo com os seus descendentes e adeptos.

     Tal terreiro foi fundado no final dos anos 70, já que o senhor Laelso estabelece residência em 1977, e funda a sua comunidade, mas especificamente no ano de 1979, e tinha

como líder desta comunidade o senhor Laelso, hoje como ancestral “Baba Aladenilá”, em sua gestão frente ao terreiro ele tinha o titulo (posto) sacerdotal de “Otun Kori Kowe”, vindo posteriormente a ter o titulo sacerdotal principal de “Korikowe Olukotun”.

​     Foi junto com sua esposa à época, Maria das Dores de Alcantara (in memorian), onde a mesma tinha o título (posto) de “Iya Maiyoyó” no terreiro Ile Agboula, casa considerada a matriz do culto a Egungun na diáspora africana, tal título foi ofertado a senhora Das Dores

por Baba Obaerin, Egun Agbá (ancestral ancião) de grande respeito e reverências pelos cultuadores, já que em sua vivência foi um dos fundadores desta prática espiritual, o senhor Eduardo Daniel de Paula.

     A missão espiritual e religiosa de Laelso precisava correr o mundo. Como todo filho de Ogum, tinha que buscar novos horizontes, abrir novos caminhos, e foi isso que ele fez!

     Decidiu vir para o Estado do Rio de Janeiro, mas especificamente na Baixada Fluminense, no município de Belford Roxo, com seus filhos e sua esposa Maria das Dores do segundo casamento, seguir a jornada espiritual e determinação (missão), que ele já sabia que deveria cumprir, fundar o terreiro de seu pai biológico Fernando Vitoriano dos Santos (Baba Onilá).

     Com o apoio de algumas lideranças religiosas, pais e mães de santo com notoriedade local, residentes no Rio de Janeiro. Vale ressaltar que muitos migrantes do Estado da Bahia, o que denota a importância histórica de redes de apoio entre lideranças e povos como estratégia de manutenção das identidades culturais afrobrasileiras e suas espiritualidades em outras regiões e territórios brasileiros, tendo o aval e reconhecimento destas lideranças.

     Com a articulação desta rede de sustentação e apoio, o senhor Laelso funda e estabelece de forma honrosa e digna o primeiro terreiro de Baba Egun, fora do Estado da Bahia, vindo a ser a primeira filial da casa matriz Ile Baba Agboula, com a permissão de Baba Olukotun , Baba Agboula e Baba Baka.

     A casa tem sua fundação no ano de 1979, vindo a ser inaugurada em 30/07/1980, quando então o senhor Laelso vem a exercer e atuar enquanto líder legitimo no culto e rituais a ancestralidade de seus antecessores, como uma esfera giratória que mantem os ciclos contínuos da preservação e manutenção da reverência e referência de conhecimento e sabedoria de seus entes passados africanos.

     Ao final dos anos 90, Laelso faz uma grande reforma no terreiro, buscando melhores estruturas físicas, não somente para o culto, mas melhores acomodações para o seu povo que frequentavam a comunidade, muitos enquanto adeptos e outros como consulentes, que vinham em busca dos serviços espirituais de sua pessoa.

     Foi no ano de 2000, que seu irmão biológico, Domingos dos Santos (Baba Alajare), que neste tempo era o líder supremo do culto a Baba

Egun, conjuntamente com outros Ojés (sacerdotes de Egun) de influência da casa matriz (Ile Baba Agboula), vem ao Rio de Janeiro, e com a presença ilustre do Rei maior da nação de Egun, Baba Agboulá, reinaugura o terreiro de Baba Onilá , e é durante a festividade que Baba Onilá é coroado, e vem a titular o senhor Laelso como o primeiro Alagba de um terreiro filiado a casa matricial, fruto de 32 anos de dedicação e responsabilidade não somente honrando a casa matriz, mas bem como o culto de Egun onde quer que ele estivesse honraria o pacto ancestral com o terreiro de Baba Onilá, Baba Agboula e Baba Olukotun.

     Laelso durante o tempo em que reside no Rio de Janeiro, jamais deixou de cumprir com sua devoção e determinação para com sua responsabilidade em estar presente nas festividades da casa matriz, indo e vindo diversas vezes para cumprir com seus deveres não somente sacerdotais, mas compromissos de pertencimento ancestral, era um dever à vida, não conseguia viver sem o seu dever para com Baba Egun.

     Em 2012 no dia 28 de junho, Laelso vem a falecer com 73 anos de vida e festejaria 52 anos de Ojé. Um dado histórico da vida sacerdotal de Laelso, é que ele tem sua primeira iniciação no Ile Tutun, por Olegário Daniel de Paula (Baba Obalade) e seu filho Tolentino Daniel de Paula (Baba Ajotoure), ambos parentes consanguineos, data em que se comemora a festa de Baba Alateorun (Pedro Daniel de Paula). Posteriormente a pedido de Baba Agboula, Laelso passa por mais uma iniciação de Ojé no Ile Agboula, por Antonio Daniel de Paula (Baba ObaMarun), seu tio carnal, que a época era o líder do Ile Agboula.

     Sua companheira de lutas, de sorrisos e lágrimas Das Dores já havia falecido em 07 de setembro de 2004, data comemorativa das festividades em louvor a Baba Agboula. Deixando o forte Laelso alquebrado, homem de estatura alta, voz de trovão sentiu a perda, o homem de músculos fortes e sorrisos largos perde a parceira da construção da vida a dois.

     Das Dores deixa saudades, não somente em Laelso, mas em toda a comunidade que a via não somente como a esposa de Laelso, mas a mãe de muitos.

     Em 2014, por motivo de força maior, o terreiro de Baba Onilá é transferido pra Bahia, na ilha de Itaparica na Rodotec.

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“O Bom filho a casa torna”

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     Retornou para estar próximo a casa do pai maior,a casa matriz, Ile Baba Agboula.

O legado de Laelso Vitoriano dos Santos se mantém firme com o apoio dos filhos consanguíneos, Ojés, membros de posto e toda a Egbé, se sentem parte e responsáveis em dar seguimentos as funções rituais e sociais da comunidade terreiro.

     As festividades continuam a acontecer, com a obrigação de Baba Onilá sempre no último final de semana de julho e Baba Nilewo no sábado de aleluia.

     Em julho de 2019, o terreiro é reinaugurado em Itaparica na Rodotek, liderado e comandado por seus filhos Gil, Eduardo e Roberto, que vem ao longo destes anos, liderando com sabedoria e ritualística a condução do terreiro.

     Laelso renasce como o ancestral Baba Aladenilá, trazido publicamente em uma festividade cheia de emoções e comoções diversas em rever aquele que foi tão importante em vida para todos que estavam no terreiro de Baba Onilá aguardando ansiosos em rever o seu pai, tio, amigo, marido, irmão, líder.

     Aladenilá é trazido por seus parentes e amigos de vida, na presença do maior e mais importante egun agba, Baba Olukotun.

     Laelso foi um líder carismático, merecia em seu renascimento tal reconhecimento, tanto foi assim que teve um cortejo de eguns notórios, muitos deles seus parentes, como: Baba Obalade, Baba Obaerin, e outros eguns patronos de terreiros.

     No decorrer da obrigação, Baba Onilá e Baba Aladenilá titula ao senhor Genivaldo dos Santos (Gil), a época Ajegbibalé, a liderança principal do terreiro, a pedido de Baba Aladenilá, realizando o seu desejo em vida, já que era sua determinação e destino de condução.

     Atualmente, o senhor Genivaldo dos Santos detem o oiye (posto), de Otun Kori Kowe Olukotun, bem como seu irmão Eduardo dos Santos o titulo de Osi Kori Kowe OLukotun , sendo que o seu

outro irmão Pedro Roberto dos Santos já é detentor do posto de Kori Kowe Olukotun, posto ofertado por Baba Olukotun, no dia de sua festividade, na data de 06 de janeiro de 2024, no terreiro de Baba Agboula.

     No presente, o terreiro é composto de 35 ojés, sendo 14 atuantes, 07 ojés já falecidos e 14 não participantes, 13 omoisan, 54 oyes (postos) entre homens e mulheres.

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